quarta-feira, dezembro 13

e no fim o que nos espera
já pensaste no fim da estrada
reflectiste talvez nos senãos
da nossa despedida chorada
já imaginaste os meus olhos
os teus em lágrimas
um a desaparecer na distancia
à chuva
olhando só uma vez para trás
antes de virar a esquina
e haver só azedo entre nós
onde hoje só se adivinham
manhãs doces
e toques de sorrisos
em beijos sumarentos
é que quando te explico
enquanto me explico
as nuaces de tudo
o que ainda tenho para te dizer
é isso que me atravessa os sentidos
a despedida
quando o nosso amor
impensado e repentino
morrer estendido
a nossos pés colados
na poça da nossa paixão
que foi
e adivinhar os teus olhos
por entre o fio dos teus cabelos
a dizerem-me que
não
que não pode ser
não pode ser mais
ou
não pode ter sido
sei lá agora dizer-te
do fundo da minha solidão
se vai morrer em ti
como eu desejo
para nunca mais perder
este brilho
quando se pronuncia o teu nome
nem que seja numa língua por imaginar
é que te iria guardar
nas cinzas do nosso amor
aquele tempo em que vivi
este tempo
em que o meu coracao
bate ao som do teu
na distancia
eu sei la
achas que valha a pena
que eu deva
ir por esses trilhos a fora
esses caminhos em que te desvendo
em que descubro as ondulações
de ti dentro de ti
porque as de ti dentro de mim
debruço-me sobre elas a cada hora
e sei-as de cor
cada flutuacao da tua voz
cada maneira especial de olhar
cada toque dos teus cabelos
cada palavra de reprovação
cada sorriso de olhares
dentro do branco dos meus olhos
e me veres todo
como se nunca tivesse existido
e saberes o quanto
da minha vida
tem o teu cheiro
e o teu andar de princesa
sobre essas ondas
desse mar só nosso
do infinito do horizonte
que nos espera ao longe
num abraço ensaiado e perfeito
como só podia ser
achas que consigo
passar por cima desses medos
aniquilar o instinto
e arriscar ser feliz
mas eu nunca soube
nem arriscar
nem ser feliz
mas olhas-me
olhas-me num olhar
em que sei que te tenho
e onde só posso saber
em ossos e suores
que me tens
que me tens desde a palavra
e nesse olhar e nessa palavra
aposto a vida
como não tem nada a perder
porque não tenho
não tenho senão pedaços
e pedaços eu posso apanhar
ainda que perca no chão
o prémio desses retalhos
quando um de nós
se afastar à chuva
e na distância olhar
para trás
antes de virar a esquina.



Barnabé Santiago 12/12/06

2 Comments:

Blogger Lord of Erewhon said...

Muito bom o poema... mas acho que deverias tentar o verso mais longo, penso que beneficiaria o teu ritmo mental.

terça-feira, março 06, 2007 3:10:00 da tarde  
Blogger barbAs said...

Muito obrigado.
Quando escrevo, nas raras vezes em que a caneta me puxa, sai-me tudo de uma vez e paro só quando está tudo dito. Regra geral arranjo os versos depois, e faço-o de forma a que seja estranho ler o poema. Mas compreendo o que queres dizer e agradeço a perspicaz sugestão.

aBraço

quarta-feira, março 07, 2007 3:11:00 da tarde  

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