sábado, setembro 9

é estranho
ser só um beijo:
o de despedida
e o desejo a esvair-se
ainda antes
de a chama nascer
deixando só
a cumpliidade
dos gestos simples
de anos enfiados
em anos
de cumprimentos
e ternuras
puras
de não terem intenção
é estranho
ser só um beijo:
o de despedida
e um querer saber
só da companhia
de escorrer tardes
de café e gelo
numa luz estranha
de óculos de sol
enquanto o mundo gira
parado
e o tempo corre
só no seu sorriso
é estranho
ser só um beijo:
o de despedida
se os corpos
chamam
um pelo outro
e a vibração
se sente
no ar em volta
como um sussurro
ou um suspiro
à chuva
é estranho
ser só um beijo:
o de despedida
ou talvez
só o acordo tácito
de que olhar
em frente
é ver-nos partir.

Barnabé Santiago
08/09/2006