Dou a volta à cama, contornando as colinas das nossas roupas no chão, depois de te afagar os cabelos e te sentir o folêgo pacífico de quem dorme segura. Cada réstia violenta de tecido sussurra as estórias que nos contámos trocando cheiros de champô e vitórias pequenas de cada beijo trincado em conquista. O meu cabelo espalhado pelo ar em volta da minha cabeça. Sei que as tuas mãos existem quando me tocas. Sento-me à secretária, e a tua reprimenda adivinhada leva-me a mão para longe do ritual mágico de enrolar a satisfação de um cigarro. Ascestral como dançar contigo de janela aberta é descascar uma laranja, enquanto sigo a linha das tuas costas, e lhes adivinho as trilhas das minhas unhas sedentas de te ter mais perto. Inalo o odor saudável a suor do meu corpo e sei cada parte dele que é teu, que é nosso de não sabermos os limites dos nossos corpos, e cada instante teu me vem tão intenso como as descobertas lentas e forçadas de cada lábio, de cada mão. As tuas ancas ao som de Nick Cave. Os teus seios nos acordes suaves de Sigur Rós. O teu rosto sereno de êxtase e podia estar a Quinta de Beethoven ou a segunda de Brahms cantada por legiões celestiais, seria ainda só o teu rosto sereno em êxtase, com toda a realidade a descambar para fora do meu corpo reflectido nas tuas feições.
Moves-te num sorriso que não me atrevo a escrever. Lágrima. Devagar aconchegas-te no meu edredon que, cumplice de nós, não te cobre. Ainda bem. Há algo de impossivel nas tuas pernas que me impede de mergulhar na melancolia doce de chorar por te olhar. "Gostava de poder ter uma vida para partilhar contigo." penso enquanto desenho a linha que vai do teu joelho ao teu mindinho, que a minha boca descobriu hoje como um fruto novo para devorar. Se algum dia alguém poder inventar a palavra suave vai inventá-la com as tuas pernas alvas de nórdica. Horas, horas nesta cama. Dias. Estar contigo é como entrar no espaço sem tempo de te devorar o pescoço e não pensar em tudo o que ainda temos de aprender sobre os nossos corpos. O teu corpo. O meu corpo. Os nossos corpos, sem começar nem acabar em nenhum dos lugares onde começam e acabam os nossos corpos. A sincronia que buscamos em cada gesto devagar, para não arruinar o prazer de aprender passo a passo as tuas mãos a dançarem na minha barba por fazer. Quanto mais tempo durar a imperfeição pequenina de ainda não nos tocarmos quando precisamos; quando tens de ter os meus lábios nos teus ou tenho de sentir a tua lingua rodopiar na minha orelha, mais tempo durará a descoberta selvagem e limpida de ter cada momento do outro, cada repiração ofegante e cada dentada estudada. Estaremos satisfeitos quando possuirmos os sabores um do outro até à exaustão dos dedos na pele desse travo.
Sempre mulheres e sempre quartos. Sempre mentiras inventadas no escuro e palavras tiradas das lições de estar só. Mais uma. Tão bela. Tão impossivel de me tocar, na minha frieza, na minha armadura de dar prazer sem esperar nada em troca. Tão só um corpo para descobrir, para dissecar em lugares e suspiros gemidos. E por trás tudo o que sempre pude querer, como sempre. O jeito, a graça, a inteligencia, o sarcasmo. Em ti ainda para mais o saberes, saberes que nunca te vou amar, que vais partir de manhã sem me dizer "Telefona". Que vais partir de manhã e vais dizer "Gostava que pudéssemos ser outros. Gostávamos que pudéssmos querer mais que nos partilharmos e desse-mos as vidas que não temos um ao outro." E a minha resposta vai ser a mesma de sempre. Um beijo de recomeçar tudo de novo, como todas as noites em que vens.
Moves-te num sorriso que não me atrevo a escrever. Lágrima. Devagar aconchegas-te no meu edredon que, cumplice de nós, não te cobre. Ainda bem. Há algo de impossivel nas tuas pernas que me impede de mergulhar na melancolia doce de chorar por te olhar. "Gostava de poder ter uma vida para partilhar contigo." penso enquanto desenho a linha que vai do teu joelho ao teu mindinho, que a minha boca descobriu hoje como um fruto novo para devorar. Se algum dia alguém poder inventar a palavra suave vai inventá-la com as tuas pernas alvas de nórdica. Horas, horas nesta cama. Dias. Estar contigo é como entrar no espaço sem tempo de te devorar o pescoço e não pensar em tudo o que ainda temos de aprender sobre os nossos corpos. O teu corpo. O meu corpo. Os nossos corpos, sem começar nem acabar em nenhum dos lugares onde começam e acabam os nossos corpos. A sincronia que buscamos em cada gesto devagar, para não arruinar o prazer de aprender passo a passo as tuas mãos a dançarem na minha barba por fazer. Quanto mais tempo durar a imperfeição pequenina de ainda não nos tocarmos quando precisamos; quando tens de ter os meus lábios nos teus ou tenho de sentir a tua lingua rodopiar na minha orelha, mais tempo durará a descoberta selvagem e limpida de ter cada momento do outro, cada repiração ofegante e cada dentada estudada. Estaremos satisfeitos quando possuirmos os sabores um do outro até à exaustão dos dedos na pele desse travo.
Sempre mulheres e sempre quartos. Sempre mentiras inventadas no escuro e palavras tiradas das lições de estar só. Mais uma. Tão bela. Tão impossivel de me tocar, na minha frieza, na minha armadura de dar prazer sem esperar nada em troca. Tão só um corpo para descobrir, para dissecar em lugares e suspiros gemidos. E por trás tudo o que sempre pude querer, como sempre. O jeito, a graça, a inteligencia, o sarcasmo. Em ti ainda para mais o saberes, saberes que nunca te vou amar, que vais partir de manhã sem me dizer "Telefona". Que vais partir de manhã e vais dizer "Gostava que pudéssemos ser outros. Gostávamos que pudéssmos querer mais que nos partilharmos e desse-mos as vidas que não temos um ao outro." E a minha resposta vai ser a mesma de sempre. Um beijo de recomeçar tudo de novo, como todas as noites em que vens.
3 Comments:
Seguramente não sei o que me deu... Não estava á espera, mas os dedos moviam-se e eu via a cena, e teve de ser. Há muito tempo que não escrevia daquela maneira.
Que texto excelente! =)
Tens um jeitaço ^^
Ia jurar que tinha comentado o post anterior ... =/ basicamente tinha perguntado de Barnabe santiago era nome artistico ?! =O lolol
Sim, já pensei processar os meus pais, mas ao final das contas, e das partilhas(não que eu vá partilhar), vem-me ter a indeminização á mesma...
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